sábado, 19 de setembro de 2009

España

Eu estava devendo um texto aqui para contar das minhas férias.
Só que até agora eu não sei exatamente o que dizer. Não queria que fosse um texto pedante cheios de “aqui é assim, o museu x é isso, o parque y é aquilo”. E muito menos fazer um texto para dizer o quanto ‘a galera é muito lôca, e ficou todo mundo muito lôco, e que a balada é iraaaada e que as viagens são da hora...’ Minha cara, aliás. Tudo isso (museus fantásticos e baladas “iradas”) realmente aconteceu. O problema é que falar só isso é muito pouco para um texto meu, que adora uma reflexão.

Acho que Salamanca foi uma síntese de mim. Estranho explicar. Foi a melhor viagem da minha vida, ao mesmo tempo que me valeu como uma espécie de terapia intensiva ao estilo “conhecendo o seu próprio eu”. Mas não vou ‘psicologizar’ por aqui não. Fiquem tranqüilos.

Bom, vou tentar do começo.
Para quem não sabe, Salamanca é uma cidade de 160 mil habitantes, conhecida por ter a 3ª universidade mais antiga do mundo e por isso abriga estudantes do mundo todo. Logo, o que podemos concluir é que é uma cidade barata para viver e com muita atividade noturna. E barata! Aliás, mais do que aqui. O esquema das baladas de Salamanca é que na maioria dos lugares você não paga para entrar, então o barato é sair com toda a galera, beber uma coisa em cada lugar e ir escolhendo os lugares assim. Quando você está com uma turma grande, de 10, 15 pessoas, a maior diversão mesmo é andar ‘borracho por las calles’ entre uma balada e outra...

Comer na Espanha é um pouco difícil. Lugares baratos não são muito bons. Em Portugal qualquer buraquinho tem uma cozinha ótima, mas Espanha ficou mais parecida com Londres do que Portugal... Vai entender...

Madri é bem bonita, mas não tem tanto charme. Nos perdemos em um bairro gay, e isso foi divertido, e eles se aproveitaram de um lugar bem bacana, apesar das prostitutas (provavelmente brasileiras).

OBS: isso eu preciso muito deixar registrado: meu medo insano de não passar na imigração e me mandarem de volta foi tanto que Deus mandou um policial tão incompetente para me atender que ele nem sequer me perguntou nada. Juro: NADA. Pegou o papel de imigração, carimbou meu passaporte y adiós!

Barcelona, Granada e Sevilla, além de Salamanca e Madri. Foram essas as cidades que consegui visitar. Passei de carro por Ávila, mas não parei, mas deu pra ter uma boa idéia da cidade, sem vivê-la, entretanto.

A minha favorita ainda é Salamanca, foi minha casa né, na melhor viagem da minha vida, ela sempre vai ter um lugar especial. Mas se eu pudesse indicar um lugar na Espanha, falaria Sevilla. Barcelona é tudo, mas já é rota obrigatória. Sevilla não. Mas vale muitíssimo a viagem. Por Madri o trem custa 70 euros, mas se for esperto pode pagar até a metade. E a cidade é lindinha demais. Fiquei com uma visão um pouco romântica demais, devido a circunstâncias pessoais que não preciso comentar (auto explicativo), mas ainda assim, é linda demais. (não dou mais detalhes, o que vale mesmo é conhecer).

Barcelona, a tão ansiada Barcelona, sofreu uma injustiça minha. Visões distorcidas e coração fechado me prenderam nos primeiros instantes. Além de um cansaço tremendo. Mas “no pasa nada”, fica a sensação e a desculpa de que preciso voltar lá.

De tudo, posso concluir (eu nunca sei concluir textos. O bom é que sou jornalista da época do lead, e de textos que ninguém lê até o final...) que um mês é pouco, muito pouco, mas a experiência foi fenomenal.

Eu ainda teria muita coisa para contar: detalhes dos lugares, a escola, os amigos, o dia a dia, o clima das cidades, o transporte público, programas de TV, lugares para compras, as tapas, as cañas, as famosas e sempre presentes Plazas Mayores, os perritos, as músicas “las cuarenta principales”, os porres, os novos vícios, os novos amigos, os causos, os casos, museus, parques, praças, prédios, moda, pessoas, imigrantes, migrantes, cultura, literatura, comidas congeladas, restaurantes, chupitos, diablo verde, piscinas públicas, hostels, ruas, aulas, chineses, indianos, praias, campos, touros, touradas, rios, mares, montanhas, planícies, costumes, os subjuntivos todos, a minha casa, o meu quarto, meu flat mate que nunca foi abraçado na vida (até meu sangue latino o fazer), o brigadeiro sem graça, a caipirinha caprichada, amigos que vem e amigos que vão, todas as baladas, road trips, a siesta...

Acho que um mês não foi tão pouco assim. Como dizíamos, Salamanca tem outro tempo. Uma semana é o equivalente a um ano, logo que um dia equivale a uns 3 meses. E realmente, a cada dia, parecia que tudo mudava. E a única rotina eram as mudanças.