domingo, 4 de novembro de 2007

Eu ainda vou acabar sozinha nessa cidade cheia de gente e tão vazia de futuro...

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Aula de Desenho Geométrico Sentimental

Duas retas paralelas podem estar extremamente próximas mas não se cruzarem.
Se forem retas – e não elipses e outras figuras geométricas flexíveis, elas não se cruzarão jamais.
Duas retas não paralelas irão se encontrar. Mas será uma vez só e será breve.
E aí temos duas opções: ou você utiliza-as para completar um desenho e interrompe uma reta na altura em que encostar na outra, ou deixa a reta seguir, e as retas não se cruzarão mais.
NUNCA MAIS.

Minha reta está em paralela, mas já foi perpendicular. Não sei se é uma reta mesmo ou se pode ser flexível. Espero que um dia seja. Espero que cruze de novo, mesmo que tudo pareça infinito e cada vez mais distante.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

A famosa

Para quem não leu e para quem tem curiosidade.
Modéstia à parte, foi eleita a melhor da sala, e eu - sinto muito - mas tenho que concordar.
Primeiro porque colocamos, Paulitchas e eu, muito empenho para fazer, e depois porque foi o resultado de uma experiência, digamos assim, curiosa.
Original e sem cortes.

Delight yourselves. Hope you enjoy.

CADÊ O CONTROLE REMOTO?

Os bastidores dos programas de TV e a experiência de ser macaca de auditório por um dia

“Oi platéia, bom dia! Olha só, daqui a pouco o Márcio Garcia vai entrar no palco e o programa vai começar a ser gravado, mas antes, eu quero passar um recado para vocês: a gente vai gravar agora todas as reações de vocês, os aplausos, a entrada de bloco, a entrada dos artistas que virão tocar aqui hoje, os quadros. Então, primeiro, eu quero que todo mundo fique de pé, aplaudindo muito e sorrindo – sem parar de sorrir – olhando para frente e ao centro do palco, como se o artista que você mais gosta estivesse ali”.

Essas são as primeiras palavras que ouvimos, assim que entramos no teatro da Rede Record para assistir, da platéia, à gravação do programa O Melhor do Brasil, apresentado pelo Márcio Garcia. O apresentador começou sua carreira na televisão como ator, na Rede Globo. Foi apresentador de um programa infantil na mesma emissora – já extinto – chamado Gente Inocente. Atualmente, apresenta o programa e atua nas novelas da mesma emissora. O programa, que vai ao ar aos sábados, a partir das 15h30, é gravado às segundas-feiras e começa às 11h e termina, com sorte, às 19h.

Sim, a reação da platéia para a entrada dos artistas, apresentação de números e concertos – em playback – de música, as risadas e aplausos, são gravados antes mesmo do apresentador do programa dar o ar da graça no estúdio. E para esse ritual é gasto cerca de 40 minutos. 40 minutos sorrindo e aplaudindo nada e ninguém.

Quem dá essas instruções é um assistente do programa, um rapaz que aparenta ter cerca de 25 anos, loiro – não natural –, voz determinada mas fina e, apesar da correria que passa nos dias de gravação do programa, está um pouco acima do peso. Para conseguir as reações desejadas da platéia, ele conta piadas, reclama, briga e até faz chantagem com promessas de brindes e lanches. Durante todo o programa a figura desse rapaz é muito ativa, a todo o momento ele circula pelo teatro, tanto no palco quanto entre os corredores da platéia, organizando o público e o programa.

Com a mesma efusividade de que fala para todos, fala para cada um, se é preciso. Reclama com quem está sentado quando é para estar de pé e controla o tempo todo a postura das pessoas: “Levanta, por favor, não fique aí esparramada que nem uma geléia na cadeira” – disse ele para uma das meninas que estavam na nossa frente. O organizador conta com a ajuda dos seguranças, que inibem qualquer reação mais explícita da platéia como xingamentos e gestos obscenos, e de um outro rapaz, que aparenta ser o estagiário do programa, que o ajuda com a função de animação do público e organização dos lugares.

Mas o processo para acompanhar a gravação do programa começa um pouco antes. Chegamos à porta do teatro da Record, conforme nos foi passado por telefone uma semana antes, pontualmente às 11h da manhã do dia 12 de março de 2007. Entre o intervalo de chegar à emissora e ocuparmos nossos lugares para assistir à gravação, passaram-se cerca de 2h30. O processo de entrada no estúdio para assistir ao programa, é um pouco confuso. Antes de qualquer “avulso”, como são chamados os espectadores que não vão acompanhados de caravanas, entram todos os micro-ônibus, carregando jovens em período escolar ou senhoras da terceira idade, para dentro dos portões da emissora. São pessoas de cidades do interior de São Paulo, como Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato e Embu das Artes. Os ônibus, todos iguais, provavelmente são cedidos pela própria emissora. Quem organiza essas excursões são, em sua maioria, mulheres, com idade entre 30 e 50 anos. São moradoras das regiões que trazem as caravanas, ou seja, os seus “vizinhos”. Elas não têm, em sua maioria, emprego fixo. Ocupam seu tempo para essa organização. A relação próxima delas e dos organizadores da própria emissora é visível, mas não conseguimos apurar se elas são pagas para exercer essa função. Quando questionadas, desviaram o assunto ou pediram licença pois estavam ocupadas com a distribuição dos lugares na platéia.

Uma vez que estiver lá dentro, no nosso caso, após entrarem todos os ônibus das caravanas e o segurança conferir nossos documentos de identidade com o nome que estava na relação de “convidados” do programa, você deverá pegar um lanche, composto de sanduíche de queijo e presunto – azar se você é vegetariano – um pacote pequeno de bolachas e um bombom. Para acompanhar, uma garrafinha de refrigerante de guaraná ou limão – e azar também se você fez promessa, cortou o açúcar ou quer fazer um regime. Na verdade você não é obrigado a pegar ou comer o lanche, mas não há uma segunda chance.

O lanche deverá ser consumido no hall do teatro, e não do lado de fora no pátio onde entravam os ônibus. Assim que aparentemente todos estão devidamente alimentados, deverão sair do hall e ir para a entrada, onde os ônibus deixaram as pessoas momentos antes, para então formar as filas que se transformarão em outra fila lá dentro do hall, novamente, antes de entrar efetivamente no teatro. A fila de fora é formada de acordo com a procedência da caravana. Ferraz de Vasconcelos das senhoras em uma fila, os estudantes de ensino médio de Poá na outra, e assim por diante. Essa organização é feita pela equipe da emissora e organizadoras das caravanas. Entra uma fila de cada vez, ou seja, uma caravana de cada vez.

Antes de entrar definitivamente no teatro onde será feita a gravação, todos passam por uma revista, e caso você tenha decidido que não está com fome no momento, mas pretende comer o lanchinho mais para o meio da tarde, quando a fome realmente bater, esquece. Você é obrigado a deixar do lado de fora, para que o estúdio não fique sujo e não tenha o inconveniente de gravarem uma platéia se esbaldando, em pleno programa, com mini wafers de chocolate.

Como iniciantes na platéia não sabíamos da regra de não poder entrar no teatro com a comida, e nosso lanche, intocado, foi entregue, durante a revista, a uma organizadora de caravana, que perguntou a todos de quem eram os lanches, pois teoricamente guardaria para entregar em um outro momento, mas o orgulho e a timidez não nos permitiram anunciar que éramos nós, e por fim ficamos o dia todo nos recriminando pela frescura de não ter fome de horas atrás.

Platéia
A distribuição da platéia funciona da seguinte forma: à frente, na primeira fileira, ficam as meninas mais bonitinhas, bastante maquiadas, cabelos alisados especialmente para a ocasião e em grande parte, com calças jeans justas e customizadas, blusas coloridas, justas e decotadas. Mais ao meio da platéia, ficam os garotos, igualmente bem arrumados, também de calças jeans, camisas, gel no cabelo e alguns, inclusive, de sapato social. No fundo, as senhoras de terceira idade, os jovens mais arruaceiros, e também os menos dotados de bens físicos, digamos assim. Mas isso não significa que serão lugares fixos para a tarde toda. Durante os intervalos de troca de cenário, para chamar outra apresentação ou mesmo no meio da gravação, o ajudante de palco troca as pessoas da frente com as de trás, dependendo, exclusivamente, da aparência de cada um. E se o seu amigo for mais bonito que você, prepare-se para ficar sozinho, atrás, assistindo ao resto do programa, enquanto ele é incluído ao cenário.

As repórteres preferiram se manter no anonimato e ao fundo da platéia, dividindo espaço com os excluídos da frente e as senhoras não tão bem apessoadas. Um ótimo lugar para observar sem ser observado, como todo repórter.

Os celulares, a pedido do animador da platéia, devem ser desligados logo no início – mas não é totalmente acatado pelas pessoas. A senhora que estava ao nosso lado, durante o dia, atendeu mais de 5 ligações. Os celulares também estão sempre a postos para tirar fotos dos artistas no palco.

Outro problema é o fisiológico. Em certo momento do dia, em um intervalo, foram trancadas as portas do teatro para que não acontecesse a debandada para os toalletes, como o ocorrido no intervalo anterior. Mas mesmo quando a ida ao banheiro é liberada, há uma supervisão para que não demore mais que o necessário: um organizador fica batendo na porta para agilizar o retorno ao lugar; “sem espelho mulherada, sem espelho. Vocês estão lindas”.

A platéia também pode participar do programa, se quiser cantar – mal – alguma música no quadro de calouros e estiver disposto a tomar um banho de chuveiro no meio do palco. Assim que entramos no estúdio, minutos antes do início da gravação, a produção buscava alguém que soubesse cantar a música ‘Pão de Mel’, da dupla Zezé de Camargo e Luciano. Um rapaz da platéia foi, cantou, foi vaiado. Escolheram ele para participar do quadro então. Mas, na hora da gravação, saiu sem faturar nada – é premiado aquele que cantar melhor, ou cuja performance for mais interessante, dependendo do gosto dos jurados. Logo após o final do quadro, o rapaz voltou à platéia para assistir ao resto da gravação, já sem a roupa escolhida pela produção – uma calça e colete de camurça e um chapéu de cowboy.

Há alguns programas, de outras emissoras, que não aceitam homens na platéia. Se forem assistir ao programa, ficarão ao fundo do teatro. Isso acontece nos programas do SBT, como o Domingo Legal. A platéia, que fica atrás de toda a volta do palco, é composta quase que exclusivamente por mulheres, jovens – entre 15 e 25 anos – bonitas, maquiadas, com os cabelos bem arrumados e blusa branca – é uma exigência da emissora. O organizador, quando contatado por telefone pela reportagem para fazer parte da platéia desse programa, nos avisou que deveríamos vestir blusas brancas, e de preferência com estampas pequenas e discretas, ou estampa nenhuma.

Um pouco de história
A organização de platéias para assistir aos programas de auditório surgiram, no Brasil, em 1936. A Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a PRK-30 possuía um teatro em seu estúdio, com espaço para que o público assistisse aos programas, que eram transmitidos ao vivo. Nessa época, o público ia aos programas para assistir aos shows de calouros, aos festivais de música e às novelas e poder ver pessoalmente os seus ídolos para descobrir como eram eles fisicamente.
Hoje, com a explosão da televisão, das fotografias dos jornais, das revistas sobre celebridades, e ainda mais intensificados com a internet, os fãs não precisariam mais assistir in loco às apresentações de seus ídolos em programas de televisão. No entanto, não foi o que aconteceu. O motivo apenas, que mudou. A busca pela proximidade com os artistas e apresentadores de televisão, continua motivando um grande número de pessoas que, através de caravanas organizadas por representantes das regiões e funcionários das emissoras, vão em grupos de mais de trinta pessoas, acompanhar as gravações de seus programas favoritos.

De volta ao show
A gravação do programa apresentado por Márcio Garcia não segue a ordem cronológica do que é mostrado na televisão. Mas não é exceção à regra dos programas gravados. Simone Gonçalves, 30 anos, lembra de quando foi, ainda na faculdade, à gravação do programa do Jô Soares, na época, ainda no SBT: “Eles gravaram primeiro a banda, que geralmente aparece no final do programa. Mas o que decepcionou mesmo foi ver o apresentador repetir a piada quantas vezes fossem necessárias até ficar bom. Na segunda vez, você já não conseguia mais dar risada. Eu, que não perdia um programa, deixei de assistir, depois de acompanhar a gravação”.

A insistência da diretora do programa para que tudo seja gravado corretamente, para evitar problemas de seqüência, além de tornar cansativo, irritou a platéia. Durante toda a tarde, o público é obrigado a assistir três ou quatro vezes as mesmas chamadas e textos. Os merchandisings são gravados na hora porque contam com a participação do apresentador, imagina se ele aparece com uma roupa no programa e uma no merchandising?

O atendente de telemarketing Willian de Souza – “com dois eles, tá?!” – 25 anos, que acompanhava em seu dia de folga, a gravação, reclamava: “Se fosse no SBT, há essa hora já teria sido gravado três programas.” Para o ex-ajudante de organizador de caravana, por ele próprio intitulado, os programas do SBT são muito mais interessantes: “Quem fica na primeira fileira ganha brindes, ganha até dinheiro”, completa, incentivando quem estava por perto. E termina dizendo que quando estava desempregado, assistia todos os dias à gravações de programas, seja na Record, no SBT ou Bandeirantes. E quando perguntado qual era a razão para tal motivação, responde simplesmente: “Apesar de tudo, é muito legal”.

A preocupação com a limpeza do chão do palco chama a atenção: a cada troca de cenário, o piso é varrido, e limpo com pano. O cenário que tomou mais tempo dos contra regras do programa foi o do quadro “Vai dar namoro”. Sofás, cadeiras, tapetes, almofadas e até uma bancada com copos e doces são incluídos no cenário. O tempo para a montagem do palco, entrada das moças que estão em busca de um namorado, organização das dançarinas e seus balões em forma de coração, levou cerca de 40 minutos. Porém essa preocupação não se estende à platéia, que tinha suas cadeiras e chão bem sujos.

A oportunidade de ver e encontrar “moços bonitos, principalmente o mais bonitos de todos (O Márcio)” é o real motivo de Mariana Garcia, uma adolescente de 14 anos, que acompanhava a gravação com sua tia, a organizadora da caravana que vinha de Poá. Aluna da oitava série de uma escola pública da sua cidade, Mariana parecia não se importar muito com os dias de aula que perde quando freqüenta os programas: “Só venho nos programas da Record. Gosto desse e do programa da Eliana, mas esse é bem mais legal, tem mais moço bonito, e quando eles são dispensados no palco, naquele quadro ‘Vai dar Namoro’, quem está na platéia e quiser ir lá conversar com eles pode”.

Mas não dá para trocar de canal
Próximo ao final do dia e da gravação, quando acabou a energia de todos, inclusive dele mesmo, o animador tenta incentivar a platéia pelo lanche que está a espera lá fora. Não convence. Há momentos em que realmente é divertido estar lá e fazer parte do que será exibido como entretenimento para inúmeras pessoas no País. Mesmo com todo o cansaço que horas e horas de gravação causam, algumas situações inusitadas acontecem e realmente divertem, mas não chega a ser um êxtase, como se fosse uma peça de comédia em um teatro. A artificialidade do programa ainda supera esses momentos de diversão, e perde, com isso, parte da graça.

E enquanto os despachados no programa de namoro pela tevê procuram algum par na platéia, a sensação final que tivemos é de que vale a pena assistir, se for, pela televisão, pelo menos, cansou do programa, pode mudar de canal, ou “desligar a TV e ir ler um livro”.

BOX
A melhor dica para quem quer participar da platéia dos programas de auditório é ligar direto na emissora. Fale com a telefonista que você quer participar da platéia que ela te encaminha para os responsáveis. Mas selecionamos abaixo, três programas, que são gravados em São Paulo, e indicamos o caminho.

“O Melhor do Brasil” – Rede Record
Para participar do programa acompanhado pela reportagem de “Narrativa”, caso o interessado resolva ir sem caravanas, é preciso ligar para a emissora (11) 2184-4193, e agendar com a equipe que organiza a platéia dos programas. O programa é gravado de segunda-feira, das 11h às 19h e vai ao ar no sábado, às 15h.
www.rederecord.com.br/programas/omelhordobrasil

“Programa do Jô” – Rede Globo
O site do programa possui um link que permite fazer a inscrição de turma com 30 ou mais universitários. A inscrição pode ser feita pelo telefone: (11) 5509-5644 ou pelo campo de preenchimento no site: http://programadojo.globo.com/.

“Domingo Legal” – SBT
Só aceita caravanas, mas com jeitinho, falando por telefone (11) 3687-3000, com a equipe de platéia, eles arrumam um espaço como convidado. Mas cuidado: se você não for com camiseta branca, não entra. O programa é ao vivo, de domingo à tarde. A platéia deve estar às 15h, mas o programa começa às 17h e a gravação não termina antes das 20h.
http://www.sbt.com.br/domingolegal.

terça-feira, 24 de abril de 2007

É o começo do fim.

Ou é o fim para o novo início?
Amanhã começo a escrever a conclusão do meu "trabalho de conclusão de curso". A quase jornalista, está a poucos passos e poucos meses de não ser mais quase.
Para os mackenzistas, o tão conhecido TGI é fonte de muito trabalho, muita dor de cabeça, algumas brigas, pilhas e pilhas de livros, noites e noites sem dormir, dias e dias sem outro assunto.
Para muitos, é a pior parte da faculdade, é a coisa mais chata que tem para fazer...
Para mim o TGI significou algo bem diferente.

Fiz um pouquinho por dia, para sentir o gostinho aos poucos – do jeito que a gente faz quando come o doce preferido, ou aquela pizza – para não sentir que a faculdade que eu tanto quis fazer, e fiz com tanto gosto, estava acabando.
Droga, ela está.

Já sofro antecipadamente, como se fosse a despedida de alguém que faz as malas na sua frente, enquanto você olha para a passagem – só de ida – para um lugar que dificilmente você poderá acompanhar.

Não sofri por causa do TGI. Sofri com ele. Dos dias que passaram e os prazos venceram, e que, mesmo estando cumpridos, eles apareceram. E eles não deixaram de aparecer.
E, a cada prazo finalizado, eram dias a menos o que eu ganhei. Dias a menos de aulas viajadas, que ninguém gostou muito, mas que sempre me fascinaram. Dias a menos de festas que fomos, ou que sofremos por não poder ir. Dias a menos de conversas de bar – mesmo longe da Maria Antonia. Dias a menos de Chipas, de croissant de chocolate, de Dog prensado, de almoços – acompanhados – de 10 minutos, para não atrasar para o estágio. Dias a menos de fofocas, dias a menos de lembranças de uma viagem e uma experiência incrível, dias a menos de "histórias de juca para contar".
Dias a menos de risadas, dias a menos de quatro anos que pareciam infinitos, mas que começaram a acabar.
Amanhã escrevo também os agradecimentos. Que pena termos apenas 50 páginas – no máximo – para o relatório todo.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

um texto fútil

Funciona mais ou menos assim...

Um lado:
Calça justa, blusa nova, ajeita o decote no espelho, passa o batom, o lápis no olho, blush, sombra e capricha no rímel.
Arruma o cabelo, no espelho, no secador ou na chapinha.
Depois de incluir o brinco, colares, pulseiras, anéis e o salto alto, sai.

Passa no bar do caminho, “aquece”, cria as expectativas de sempre e entra no estabelecimento.

O outro lado:
Calça jeans reta, tênis da moda, uma camiseta ‘transada’ e atenção especial ao perfume.
Gel no cabelo, talvez.
Pega o carro, coloca o sub-woofer no último. Pára para abastecer. Não o carro. Acelera nas ruas em que permite, em que interessa, onde chamar a atenção.
Acerta o que será desta noite com os amigos, faz alguns telefonemas no celular e adentra-se também ao estabelecimento.

O mesmo lado:
O som já está a pino. O DJ transpira mas mal começou o seu trabalho, que deverá durar, na melhor das hipóteses, 4 ou 5 horas. Non-stop.
O espaço ainda está vazio. Oportunidade perfeita para ajeitar o cabelo no banheiro, dar continuidade ao abastecimento e acender um cigarro e observar.

Começa a caça.

Se antes os homens preparavam-se para buscar carnes para a sua tribo, hoje o que se caça são pessoas, e querem caçar e serem caçadas umas as outras.
Não vejo problema algum nisso, desde que mantidas as regras mínimas de convivência humana, estabelecida pela moral e pelos bons costumes, que, convenhamos, não custa muito ser seguido.
Trocam-se olhares, abraços, beijos e saliva. E se tudo correr bem, trocam-se os números dos telefones, celular, claro, ligar em casa, só depois do décimo encontro (se periódicos).
Se tudo correr bem mesmo, no mesmo dia, no dia seguinte, ou na terça-feira (porque nunca se faz o contato seguinte numa segunda-feira, mesmo que tenham se conhecido no domingo... acho que segunda-feira não é um dia propício para isso), manda-se uma mensagem de texto. O que ocorre agora também é a busca virtual, by orkut. Se não achar... Nossa que pessoa estranha, aí tem coisa...Deve namorar, só pode...

Mas deve ser até estranho receber uma ligação, ou mensagem, em plena segunda-feira, dia em que estão todos posicionados em frente ao computador do trabalho, tentando, de alguma forma recuperar as forças para sair da ressaca do fim-de-semana e conseguir se concentrar e produzir. O chefe, se não for muito workaholic, estará na mesma disposição, mas não se dê ao luxo de dormir no trabalho, na esperança de que ele vá entender.

Mas voltemos um pouco...

O DJ ainda toca. O barman já serviu não-sei-quantas-garrafas-de-não-sei-o-quê. A gogo-dancer se prepara para subir ao balcão.
Você já achou a sua mira, e a sua mira já achou a mira dela. Caso dê muita sorte, uma será a mira da outra. Se não der tanta sorte, há a esperança de ser a mira de alguém. E se não for? Aí você volta para o bar e faz da loira, ou da russa, ou da interiorana, ou até da mexicana, sua cia para o resto da noite.
É...um dia é da caça e o outro é do caçador.
E não adianta lutar contra isso.
Porque desde que o mundo é mundo, e caçar era o simples ato de buscar alimento, essa máxima é válida.

domingo, 11 de março de 2007

sexta-feira, 9 de março de 2007

Momento Macabéa

Hoje vivi um momento Hora da Estrela...
Mas não fui eu a Macabéa, graças a Deus, senão, hora dessas, não teria texto algum aqui...
Hoje, na minha rua, de frente para um prédio com apartamentos-super-master-duplex-luxo, um atropelamento.
O atropelado: uma senhora, bem simples, com roupas surradas, tamanquinho gasto e idade avançada para quem se dirigia ao batente nosso de cada dia...
O atropelador: um Ecoesport – novinho, morri de inveja, será que era desses automáticos? – vermelhudo, rodas poderosas, vidros filmados, e no volante, uma loira super-master-duplex-luxo...
A Macabéa? Bom, ela recebeu os socorros lá mesmo, no meio da rua, atrapalhando o tráfego, na contramão de uma rua de via única.
A Mercedes? A Mercedes, chocadérrima, subia, no momento em que a transeunte atrasada e curiosa passava, se dirigia ao prédio em frente, em busca de uma aguinha com açúcar para acalmar...

quinta-feira, 1 de março de 2007

Bel and the City

Resovi fazer igual...
E me surpreendi com o resultado. Acho que não tem um solteiro, uma solteira, vivendo em uma grande cidade, que aprecia a vida noturna e acompanha essa dinâmica de relações íntimas e ínfimas, que não tenha, uma vez na vida, assistido à série Sex and the city e se comparado com uma das personagens.

Pois bem, foi exatamente isso que resolvi fazer um dia desses...
Surgiu a partir de uma comparação que vi em um blog desses por aí e de um bate papo que tive com as minhas queridas Carries, Samanthas, Mirandas e Charlottes...

Qual delas seria a mais parecida comigo??

Samantha foi a primeira a ser descartada...
Sou uma pessoa comum, como qualquer outra, que sai, que namora, que beija... mas não, não teria um caso com a Sonia Braga nem que ela fosse um Sonio, imagina sendo mulher...

Carrie?
Hum, talvez, mas aqui para nós, não sei ser tão bem resolvida a ponto de não apenas ter esses complexos e tórridos casos, mas ainda por cima sair escrevendo por ai, em colunas de jornais e revistas sobre eles (sem falar que mesmo que fosse, acho muito difícil alguém resolver pagar isso para mim, enfim...)
Me restava a Charlotte, que é mais boazinha, romantiquinha, meiguinha e todos os inhas que resolvem me classificar por aí a torto e a direito, e sempre erram...
Mas enfim, ela era a que me restava, já que a Miranda... bem, a Miranda é meio doida né, fala sério.

E não é que, quando resolvi abrir a discussão para fora da minha rede de pensamentos interníssimos, levei uma bordoada na cara...
Conversando livremente, num papo de sábado à tarde, daqueles descompromissados, dentro do carro, a caminho de qualquer lugar que servirá apenas para te fazer gastar o dinheiro que você não tem, ouvi de uma das poucas pessoas que me entende por inteiro, e das quais eu nem preciso explicar para entender o resto:
“Você é definitivamente a Miranda. Charlotte, não.. A Charlotte é submissa demais aos homens, não é romantismo isso. E a Miranda não é dada como a Samantha, não trai como a Carrie, e sabe bem o que quer e o que não quer, e quem quer e quem não quer. Ela não é neurótica não, ela é assim e pronto”.
Tudo bem, pensando por esse lado... Ela é mesmo a mais bem resolvida, no meu ponto de vista, o que faz com que eu concorde, aliás, adorei o EXTREMAMENTE RACIONAL, do texto da folha cujo link está abaixo...

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u68612.shtml

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Cara Estranho

(Los Hermanos)

Olha só, que cara estranho que chegou
Parece não achar lugar
No corpo em que Deus lhe encarnou
Tropeça a cada quarteirão
Não mede a força que já tem
Exibe à frente o coração
Que não divide com ninguém
Tem tudo sempre às suas mãos
Mas leva a cruz um pouco além
Talhando feito um artesão
A imagem de um rapaz de bem

Olha ali quem tá pedindo aprovação
Não sabe nem pra onde ir
Se alguém não aponta a direção
Periga nunca se encontrar
Será que ele vai perceber
Que foge sempre do lugar
Deixando o ódio se esconder
Talvez se nunca mais tentar
Viver o cara da TV
Que vence a briga sem suar
E ganha aplausos sem querer

Faz parte desse jogo
Dizer ao mundo todo
Que só conhece o seu quinhão ruim
É simples desse jeito
Quando se encolhe o peito
E finge não haver competição
É a solução de quem não quer
Perder aquilo que já tem
E fecha a mão pro que há de vir

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Rótulos...

Depois que inventaram os adjetivos, a vida nunca mais foi fácil.
- estudiosa?
- teimosa?
- dedicada?
- amiga?
- confiável?
- segura?
- medrosa?
- tímida?
- extrovertida?
- responsável?
- irresponsável?
- preocupada?
- cuca-fresca?
- assustada?
- corajosa?
- burra?
- inteligente?
- rápida?
- lenta?
- de bom gosto?
- cafona?
- elegante?
- chique?
- mal-vestida?
- despenteada?
- feia?
- bonita?
- linda?
- gostosa?
- gorda?
- magra?
- deprimida?
- alegre?
- feliz?
- infeliz?
- limpa?
- suja?
- divertida?
- mal-humorada?
- deselegante?
- estressada?
- barraqueira?
- calma?
- pacífica?
- encrenqueira?
.
.
.
Sim...A culpa dos rótulos que damos aos outros e os outros nos colocam é culpa dos adjetivos.
Grande coisa se somos bravas, ou não, sensuais ou patinhos-feios, se escrevemos bem ou somos um desastre no volante.
Desde que sejam apenas características apenas das pessoas, de nós e dos outros, ok.
Mas não pode virar NA característica.
Ela não é dedicada ao trabalho, logo é irresponsável. Por isso, não merece trabalhar aqui, não merece boas notas na escola, nem merece ter amigos por perto, nem namorado, nem filhos, nem cachorro, nem vizinhos, e assim vai indo.

Somos uma grande panela de adjetivos borbulhando a cada instante. Cada hora um sobe à superfície dessa sopa de letrinhas enquanto outro desce.
Sejamos menos “rotuladores” e mais compreensíveis. Nem é preciso tanto, compreensão hoje em dia está em extinção e difícil de encontrar até mesmo no mercado negro.
Sejamos apenas, honestos.
Perdoe a adjetivação....

Going on

Não é um novo blog..
Tá, é um novo blog, mas é para continuar o outro, que não consigo acessar de jeito nenhum para postar...então ele vai ficar lá, até que a Blogger resolva que não deve mais mantê-lo e despachará para a lua o arquivo...
Então, mesmo não tendo um nome que realmente me agrada, bom mesmo era o velho e bonito "Confábulos", agora teremos que nos contentar com o "Emconfabulos"... Whatever...

Boa ruim leitura para os parcos visitantes...