quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
A corrida - parte 3
O azarão foi expulso. Os organizadores consideraram ilegítimas as suas cavalgadas. Há suspeita de doping. Ainda em investigação.
O Pangaré, campeão da corrida passada, retornou ao páreo e está reivindicando direitos, quer o prêmio – da qual abdicou no passado – de volta. A comissão julgadora está avaliando o caso.
Os demais competidores não ganharam a confiança dos apostadores, ainda mais depois de assistirem ao show do intervalo, com desfile de raças estrangeiras. As mesas de apostas permanecem vazias. Não tanto pelos tempos de crise, mas porque agora a prova ficou mais difícil. É como vestibular: quanto mais concorrentes, maior a nota de corte...
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Que fim levou o azarão?
Mas uma nova corrida foi iniciada, depois que o ganhador anterior abdicou do prêmio.
O azarão estudou tudo o que precisava. Até fez um movimento, saiu da coxia, ensaiou um trotar, mas parou por aí.
Não despertou grande confiança dos apostadores. Em tempos de crise, estão cautelosos. Todo capital agora é de risco e, apesar de saberem que no final o azarão sim, sempre leva, estão desconfiados de que ele não participará novamente.
domingo, 21 de dezembro de 2008
Histórias de natal
Just because it´s Christmas, and at Christmas you tell the truth.. (Or at least part of)
Desde pequena minha imaginação sempre foi muito fértil.. mas bastante racional também. Talvez por isso acreditasse tanto nas histórias que eu mesma criava, tornava realidade e brigava por ela até o fim (porque além de muita imaginação, eu sou taurina...).
Acreditei mais tempo do que devia em Papai Noel exatamente por isso.
A idéia de que o bom velhinho passava na minha casa, na casa do Macaulay Culkin (todo ano o clássico, Esqueceram de Mim), e em tantas outras, de trenó, vindo lá do pólo norte, numa única noite, nunca me convenceu.
Por isso tinha tanta certeza de que o presente ERA mesmo dado pelo Papai Noel.
Explico.
Para mim, havia uma logística fenomenal, em que os ajudantes do bom velhinho eram divididos por regiões, não apenas para fazer a entrega dos presentes (como um carteiro mesmo) mas também para a compra dos presentes. nada de fábrica, afinal, brinquedo era da Estrela, da Grow e por aí vai... Ou seja, um ajudante, atendia meu prédio, o quarteirão todo, mas no máximo, duas ou três ruas do entorno. Não mais.. Ou não daria conta... Papai Noel não entregava, mandava entregar...
A minha viagem era tanta que até a história de que quando passava um helicóptero em cima do quintal de casa (e vai, 20 anos atrás isso era muito raro de acontecer) era o papai Noel que vinha investigar se eu estava me comportando.. E já que não tinha um ano que ele tenha me dado a casa da Barbie (sempre o número um da lista), eu acreditava, achava que precisava me comportar melhor no ano seguinte... (que pecado o que fazem com as crianças)
E como descobri “a verdade”?
Quando contei para minha mãe a teoria que tinha sobre os sósias que o papai Noel escolhia – ele mesmo – como seus representantes nos shoppings centers e que eram os ajudantes mais antigos, ou seja, em empresariêis claro, os ajudantes eram promovidos, como gerentes e gerentes-gerais se tornam diretores, ou algo parecido.
Acho que ela se assustou com tal surrealismo que resolveu avisar sua caçula que os presentes eram comprados, embrulhados e postos na porta da minha casa por ela mesma.
Foi nesse ano que, pela última vez, meus pais fizeram o ritual de colocar o presente na porta e tocar a campainha escondidos... No entanto, a única reação, dessa vez, foi da Mimi, que sentiu de longe o cheiro do presente dela e, atropelando os outros embrulhos, foi em busca do seu pacote de bifinhos sabor carne...
sábado, 6 de dezembro de 2008
Em tempos de crise...
A: O efeito da crise se manifestando...
B: Bem que falaram que atingiria a todos.
A: Investimento apenas em capital de risco... deu no que deu.
B: Bem fazem os investidores cautelosos, que não abrem mão de um ativo antes de possuir outro de maior valor.
A: Ou aqueles que têm investimento pulverizado, em negócios de risco e em outros menos rentáveis, porém mais seguros...
B: sugiro um que possa ser resgatado a qualquer momento, que não dê despesas adicionais e cujo lucro seja suficiente para pagar o seu consumo mensal.
A: E menos vulnerável a crises também.
B: Estável. Exatamente.
sábado, 29 de novembro de 2008
Sete ondas.
31 de dezembro. Último dia do ano. Lista para checar se havia cumprido todas as promessas. Em outra lista, checava o que havia realizado no ano. Lembrou-se que, um ano atrás, prometera viver a vida com paixão. Para o que quer que fosse.
Havia vivido com paixão? Mesmo entre os tropeços da vida, as boas e as más notícias que recebeu, as atitudes que não teve, e aquelas as quais tomou subitamente, inconseqüentemente. A coragem que teve, e pouca coragem que não lhe deu opção senão apenas observar. Haviam nelas a paixão prometida?
Mas afinal, o que era viver com paixão? O que era a paixão?
O entregar-se sem pensar? Entregar-se ao outro, ao trabalho, entregar o corpo, a alma, as idéias? Entregar-se a si?
Ou a paixão era o resultado dessas tentativas todas?
E as tentativas aconteceram?
Havia vivido com intensidade?
Chorar demais, rir demais, dançar demais, beber demais, amar demais, trabalhar demais, estudar demais... E quem avalia a intensidade do demais?
Até que ponto viver significa sorrir?
Até que ponto viver significa chorar?
Lista de perguntas encerrada. Não estava no script. E não daria tempo de terminá-la antes do amanhecer do ano seguinte.
Os amigos agora a chamavam com taças de champagne nas mãos, roupas brancas, sapatos debaixo do braço, expectativas. Não poderiam mais esperar por alguns minutos para começarem a viver, a sonhar, a buscar a felicidade do próximo ano.
Mas faltava ainda escrever as promessas para o ano seguinte.
Estava pronta. Roupa branca. Detalhe em rosa ou vermelho? O que queria? Mais paixão ou amor sublime e tranqüilo? O que é mais intenso, amores fugazes ou amores mornos e duradouros?
O que pedir a Iemanjá? O que agradecer? O que prometer para os próximos 365 dias?
Sem terminar sua tarefa, largou caneta e papel. Prometeu começar diferente dessa vez, desde os minutos finais do ano anterior. E saiu. Sem pensar, sem planejar.
Apenas com a taça de champagne – que sempre detestara e agora fazia todo sentido e sabor, tinha gosto de vida –, as melissas brancas em outra mão; e na alma, a fé, que todos criam e projetam nos primeiros minutos, e que esquecem ao longo dos dias.
Foi viver.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Post de utilidade pública número dois
SMS pelo visto veio para ficar... Acessível a todos e bem mais fácil de disfarçar a timidez ou a canalhice...
É bacana receber mensagens de alguém. Todo mundo gosta. Mas mandar 10 mensagens em um único dia? Too much...
Celulares deveriam ser como propagandas de cerveja. Não, não é da gostosa de biquíni que eu estou falando. Deveriam vir com a frase “SMS: use com moderação. Se beber, não escreva”.
Outra dica importante: a frase “estou de bobeira em casa” ou frases alternativas como “não, não estou fazendo nada, e você?” e “Não tenho nada programado para hoje” (e notem que é bem diferente do que dizer: não vou sair hoje) significa: Sim, pode me chamar para sair com você que eu vou...
domingo, 9 de novembro de 2008
Não grita, não gruda
Dicas para não se tornar o chato da balada.
Baseado em fatos reais – e recentes.
Dica # 1: Você quer conhecer a pessoa, certo? Você foi lá, tomou a coragem, pediu pra sentar do lado, se apresentou, deu beijinho no rosto e tudo mais. Então porque não deixar a pessoa falar um pouco? Monólogo é para peça de teatro, no máximo...
Dica # 2: Tente gravar o mínimo do que a pessoa acabou de dizer. Não precisa ser a informação completa, mas não serão pontos a favor perguntar três ou quatros vezes a mesma coisa. Se o grau alcoólico estiver um pouco mais alto e estiver difícil processar todas as informações, ok, é compreensível, mas mude a pergunta então, jogue algum verde, que não fique tão na cara que você não prestou a menor atenção no pouco que a pessoa disse.
Dica # 3: O corpo fala, logo, não precisa fazê-lo gritar. Uma aproximação de até 30 cm é compreensível, inclusive se estiver em um ambiente com música em volume alto ou com muitas pessoas em volta conversando. Menos do que 30 cm é ameaçador. Não ameace sentar no colo da pessoa, voluntária ou involuntariamente. Respeito ao outro começa pelo respeito ao espaço ocupado. Não esqueça das aulas de física: dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo.
Dica # 4: Por falar em gritar... Não grite. Se a pessoa não entender, ela pergunta. Se a música parar, pode diminuir o tom de voz também e, se você estiver muito mais próximo do que os 30 cm racionais, não é necessário MESMO gritar.
Dica # 5: Você pode ser uma pessoa realmente interessante. Ok, não são todos no mundo que tiveram a oportunidade de saltar de pára-quedas em céus australianos, mas atente-se a uma das regras do jornalismo: nem toda informação é notícia. O prêmio sorteado na sua empresa que você NÃO ganhou é dispensável.
Dica # 6: Roupa de mulher não é barata, o tecido é delicado e se você não entende nada sobre lavanderia, não aplique desafios aos tira-machas. Cuidado com copos de bebida e sapatos sujos que pisam o vestido: dá trabalho, estraga para sempre e é prejuízo – para ela, que perderá um dos seus trajes favoritos, e seu, que ficará, no máximo, com um número de telefone errado...
Dica # 7: Por favor, isso é muito importante: Entenda os sinais. Se a pessoa se afasta, não é um desafio à física nem um teste para saber se você está realmente interessado. Tombar no sofá, se você não está beijando a pessoa, nada mais é do que um “back off” ou, em português claro:DESGRUDA.
7.1. – Se as respostas tornarem-se constantemente monossilábicas, se a pessoa não olhar mais para você, se estiver mais interessada na conversa do lado do que na sua e começar a lançar olhares suplicantes para os conhecidos e desconhecidos que estão à volta, o papo não está agradando.
7. 2. – Se perceber que a pessoa está com o pensamento longe e que, mesmo com os 750 decibéis escolhidos para gritar no ouvido da pessoa, que não está mais longe do que 10 centímetros da sua boca, se ela pede 2 ou 3 vezes para você repetir o que acabou de dizer, são duas as opções: Ou ela está pensando em uma forma de se livrar de você, ou ela está pensando em coisas muito melhores que poderia estar fazendo naquele momento, como depilar virilha, limpar banheiro ou como ela vai fazer para limpar o vestido que você está pisoteando.
Por último, e não menos importante:
Dica # 8: Por favor, não cuspa quando for falar: é nojento, a pessoa é pega desprevenida – sim, em todos os momentos, não há ainda um protetor para isso – e estraga a maquiagem.
sábado, 1 de novembro de 2008
Ela é corajosa. Acha que é. Quer ser.
Não vai voltar para trás, muito menos ficar no meio do caminho. Começou, termina.
Descanso, sim, fará, porque é pessoa determinada mas não é de ferro. Para isso leva água, alimento e amigos. Usa um sapato confortável mas leva na mochila o modelito perfeito para usar quando cruzar a faixa de chegada.
Encontrou no meio do trajeto pessoas que desistiram e pararam no caminho, por medo, receio, preguiça. Alguns a convidam a parar também, voltar para trás, outros tentam induzi-la a ter medo também e a achar que o fim da trilha não existe.
Mas teimosa como é, não dá ouvidos. Se entristece de quando em quando, pois sabe que não é tarefa fácil. Ainda vai encontrar mais pessoas no caminho, pessoas sem a força e a determinação que ela se exige. Mas botou na cabeça que vai chegar no final da prova. Não quer ser a primeira colocada, só quer o prêmio final. Que sabe que está lá esperando por ela.
Ela chega lá.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Últimos ainda são os primeiros...
Cada um com seu jeito de galopar...
O azarão, no entanto, dado como favorito, continua parado, dentro da coxia, estancado, observando e estudando o espaço. Estudando.
As apostas estão ainda todas no azarão. Ele sabe disso. Mas os apostadores, com seus trajes sociais e elegantes começam a desconfiar de que jogarão seu dinheiro fora.
Azarão, sai dessa coxia, mostra que corre como os outros, que galopa mais, que vai ganhar a parada, as apostas, a garota.
domingo, 31 de agosto de 2008
Odeie o seu ódio?
Entrou no chuveiro, sem esquecer-se da cena do dia anterior, que reverberou até a pia ficar tão vazia quanto se sentia agora, e procurou algo para eliminar-se de seus cravos, que tomavam as costas, cotovelos e a parte de trás de suas coxas. Precisava polir-se, da mesma forma que havia feito na cozinha, mas não conseguiu se desvencilhar da cena.
A notícia lhe caíra como uma comida que lhe faz mal de imediato, corroendo por dentro e reluzindo apenas no seu denunciante rosto.
Raiva e rancor tomaram conta de suas bochechas e idéias. O mundo ficou mudo e parado, enquanto a fala batia dentro de si como uma música de seqüências eletrônicas e extasiantes. Como sempre, escondeu-se na sua máscara preferida, que se usa de uma piada e da fama de boa pessoa para não transparecer seus piores sentimentos. A piada se valeu da sugestão de uma cena e que, se colocando como coadjuvante da situação, encontrou-se figurante, e sentiu o ridículo em si. Odiou-se. Odiou a quem não deveria odiar, e assim odiou-se novamente. E o mundo, que até então sumira, reaparecera para rir de sua pessoa, tirando toda e qualquer dúvida do ridículo em que se encontrava.
Esfregava-se agora com a fúria de quem se humilha e que tenta se limpar disso, mas parou ao perceber que estava com rancor a mais e quase uma camada de pele a menos.
A cena ainda reverberava. Encontrou-se, como sempre, na dualidade dos seus pensamentos, nos questionamentos duplos, na cena que sempre se enxergava: em meio a uma estrada deserta de mão única e duas opções, sem placas sobre o destino final, sentindo as árvores rindo-se ao pensarem que poderia ficar ali pela eternidade de sua dúvida, esperando o regresso de quem foi para contar-lhe o que vira e ajudar então a decidir seu caminho.
O brilho da assadeira não durará para sempre, em breve os cravos de suas costas retornarão e os cotovelos, de tanto segurar a força do dia a dia apoiado no queixo, voltarão a ficar espessos. A dúvida enfraquecerá, dando lugar a tantas outras. A cena no entanto, permanece, no receio, em evidências, na imaginação que cria situações mesmo quando estas são simplificadas pela fala do mesmo interlocutor.
A estrada também permanece. Até encontrar outra dúvida para se agarrar e viver o seu tão desejado sofrimento.