sábado, 29 de novembro de 2008

Sete ondas.

31 de dezembro. Último dia do ano. Lista para checar se havia cumprido todas as promessas. Em outra lista, checava o que havia realizado no ano. Lembrou-se que, um ano atrás, prometera viver a vida com paixão. Para o que quer que fosse.
Havia vivido com paixão? Mesmo entre os tropeços da vida, as boas e as más notícias que recebeu, as atitudes que não teve, e aquelas as quais tomou subitamente, inconseqüentemente. A coragem que teve, e pouca coragem que não lhe deu opção senão apenas observar. Haviam nelas a paixão prometida?
Mas afinal, o que era viver com paixão? O que era a paixão?
O entregar-se sem pensar? Entregar-se ao outro, ao trabalho, entregar o corpo, a alma, as idéias? Entregar-se a si?
Ou a paixão era o resultado dessas tentativas todas?
E as tentativas aconteceram?
Havia vivido com intensidade?
Chorar demais, rir demais, dançar demais, beber demais, amar demais, trabalhar demais, estudar demais... E quem avalia a intensidade do demais?
Até que ponto viver significa sorrir?
Até que ponto viver significa chorar?
Lista de perguntas encerrada. Não estava no script. E não daria tempo de terminá-la antes do amanhecer do ano seguinte.

Os amigos agora a chamavam com taças de champagne nas mãos, roupas brancas, sapatos debaixo do braço, expectativas. Não poderiam mais esperar por alguns minutos para começarem a viver, a sonhar, a buscar a felicidade do próximo ano.
Mas faltava ainda escrever as promessas para o ano seguinte.
Estava pronta. Roupa branca. Detalhe em rosa ou vermelho? O que queria? Mais paixão ou amor sublime e tranqüilo? O que é mais intenso, amores fugazes ou amores mornos e duradouros?
O que pedir a Iemanjá? O que agradecer? O que prometer para os próximos 365 dias?

Sem terminar sua tarefa, largou caneta e papel. Prometeu começar diferente dessa vez, desde os minutos finais do ano anterior. E saiu. Sem pensar, sem planejar.
Apenas com a taça de champagne – que sempre detestara e agora fazia todo sentido e sabor, tinha gosto de vida –, as melissas brancas em outra mão; e na alma, a fé, que todos criam e projetam nos primeiros minutos, e que esquecem ao longo dos dias.
Foi viver.

Um comentário:

  1. Acho que paixao a gente deve ter por todas as coisas da vida, seja um trabalho, seja uma viagem.
    A paixao eh efemera, mas da o animo necessario. Motiva, da o impulso necessario para aquele momento.
    O amor aparece quando aquilo deixou de ser novidade e passa a ser prazeroso. Amar familia e amigos, por exemplo.
    So espero que, no final, o balanco de 2008 seja melhor que o de 2007.
    Beijo.

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